CBF vê pontos corridos como ‘inviável’ e deve manter fórmula da Série C

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Apesar do desejo dos clubes, a Série C dificilmente mudará de formato na próxima temporada. O modelo praticado desde 2012, com os vinte participantes divididos em dois grupos de dez, exceto pela edição de 2013, deve ser mantido por uma questão de custos operacionais, arcados pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF, em detrimento ao clamor dos clubes e seus torcedores pela adoção do formato de pontos corridos, assim como acontece nas Série A e B.

Em entrevista ao JC, o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, afirma ser inviável a aplicação da fórmula que acompanha a Série A desde 2003 e a Série B desde 2006, que aumentaria a quantidade de partidas de 194 para 380.

“A Série C é uma competição com grande potencial, mas que ainda depende de custeio integral por parte da CBF, um investimento bastante elevado que envolve passagens, alimentação, traslados internos e hospedagem para as equipes. Neste cenário, não é possível fazer uma alteração de formato que aumente consideravelmente o número de partidas, pois isso tornará a competição inviável a médio prazo”, justifica.

Mesmo com o alto número de clubes das regiões Norte (2) e Nordeste (9) garantidos para a próxima temporada e a chance de haver um acréscimo com os possíveis rebaixamentos de Sampaio Corrêa, CRB e Paysandu na Série B, a CBF aponta a questão logística como principal fator para montar as chaves. A exemplo de Cuiabá e Luverdense, que já disputaram a Série C pelos dois grupos.

“Os grupos não são regionais, senão teríamos que distribuir conforme as cinco regiões do país. A divisão objetiva racionalizar os deslocamentos das equipes, diminuindo o desgaste e também os custos logísticos. Independentemente da origem dos 20 clubes classificados, sempre será possível administrar os dois grupos para que levem esses aspectos em conta”, aponta Manoel Flores.

Outro ponto que dificulta a captação de recursos dos clubes para a próxima Série C foi desenhado desde o fim das operações do canal Esporte Interativo na TV por assinatura, que detinha os direitos de exibição da Série C. De acordo com Manoel Flores, a CBF busca uma solução para 2019. “É uma estratégia que está sendo definida diante de um novo cenário que se apresentou recentemente.”

O diretor de competições lembra ainda para o cenário de recessão no investimento das grandes emissoras em competições esportivas, até mesmo no principal campeonato nacional do mundo, a Premier League inglesa, que teve o contrato de cotas reduzido no último acordo. “Importante ressaltar que este mercado de mídia tem sofrido mudanças profundas e que os recursos financeiros hoje disponíveis são muito menores do que em outro momento.”

Desde a última rodada da fase de grupos, a CBF absorveu as transmissões, realizadas via streaming em suas redes sociais. No principal site agregador de vídeos do mundo, o YouTube, as 13 transmissões da Série C realizadas até aqui (ainda restam quatro jogos) acumulam mais de 1,8 milhão de visualizações. Só o jogo da volta entre Operário-PR e Santa Cruz atingiu 470 mil views, com pico de exibição online da partida chegando a ultrapassar a marca de 93 mil espectadores de forma simultânea. Números considerados positivos pela CBF.

“A avaliação feita em conjunto com as plataformas digitais tem sido muito positiva. É uma situação experimental que busca avaliar a receptividade do público a esse tipo de conteúdo para no futuro viabilizarmos um projeto mais consolidado”, projeta Manoel Flores.