Coronavírus: árbitros ficam sem receber e têm futuro incerto sem calendário

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FOTO: VERONILSON FREIRE

Enquanto clubes e jogadores debatem uma possível redução de salários em meio à crise do coronavírus, os árbitros já estão sem receber. Remunerados por partida, juízes e banderinhas ficaram sem renda com a suspensão de todas as competições no território brasileiro e têm o futuro financeiro incerto. Na elite do futebol brasileiro, vários se dedicam integralmente a apitar jogos, e o clima na categoria é de apreensão.

Entre quem já pendurou o apito, entretanto, as restrições são menores. O ex-árbitro Márcio Chagas da Silva divulgou na semana passada um texto chamando a atenção para a situação da arbitragem durante a paralisação das atividades do futebol brasileiro. “Sabiam que durante essa paralisação os árbitros estão sem remuneração pois são contratados a cada jogo? Na rotina do juiz, que é ele próprio que financia seu material de trabalho?”, afirmou. “Vocês sabiam que não há profissionalização do árbitro de futebol no Brasil? Essa função é uma atividade não regulamentada como profissão”, explicou.

Em contato com a reportagem, o presidente do Sindicato dos Árbitros do Estado de São Paulo e árbitro Aurélio Sant’Anna Martins confirmou as dificuldades vividas por juízes brasileiros e fez críticas ao comportamento de federações e da CBF. “A situação está feia. Tenho conversado com os árbitros, e muitos se dedicam, às vezes, 100% para a arbitragem, vive disso mesmo. Se não é 100%, mais de 60 ou 70% é dedicado à arbitragem. Infelizmente não temos um respaldo da Federação Paulista, da CBF, no que diz respeito a um reconhecimento dessa dedicação”, explicou. Além de presidente do sindicato, Sant’Anna também é árbitro, e reconhece o receio dos companheiros de profissão.