Operação Cartola: Julgamento suspenso.

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Daniela Lameira / Site STJD Foto: Divulgação

A Terceira Comissão Disciplinar do STJD do Futebol se reuniu nesta terça, dia 9 de outubro para julgamento dos denunciados envolvidos no esquema de corrupção e manipulação de resultados no futebol da Paraíba. Após as instruções, o Auditor Vanderson Maçullo pediu vista para analisar a competência de julgamento pela Comissão. Ainda não há data definida para retomada do julgamento dos dois processos.

Ao todo, até o momento, 20 pessoas foram denunciadas em dois processos da Procuradoria da Justiça Desportiva. Em pauta em primeira instância apenas um denunciado compareceu para prestar depoimento e responder as perguntas da Comissão: o árbitro Francisco Carlos do Nascimento.

Integrante da Comissão de Árbitros da Federação Alagoana de Futebol, Chicão, como é conhecido, foi o árbitro sorteado e responsável por apitar a primeira partida da final do Campeonato Paraibano 2018 entre Botafogo e Campinense. O denunciado contou sua versão dos fatos e explicou que acabou participando de uma conversa sem saber do que se tratava.

“O único jogo que fiz foi o primeiro jogo da final. Fui designado para fazer esse jogo na Paraíba. Automaticamente quando saiu a escala o Danilo entrou em contato comigo. Ele é o cara que nos auxilia e de confiança na Paraíba. Saí de Alagoas na quarta para fazer esse jogo junto com dois assistentes. Ele (Danilo) me perguntou qual o hotel eu queria ficar e a reserva foi feita pelo meu assistente. Cheguei na Paraíba na quarta a noite e Danilo me mandou mensagem. Ele perguntou que horas íamos tomar café. Depois do café perguntou que horas íamos almoçar. Eu falei que 13h, mas 11h30 ele já estava na recepção do hotel”, disse o árbitro, que prestou depoimento bastante emocionado e não conseguiu segurar o choro.

Chicão explicou ainda que após o almoço parou em um local pra comprar uma garrafa de água de 1,5 litros quando Danilo ligou para alguém e passou o telefone para ele. O árbitro, achando que estava falando com alguém da Federação foi perguntado sobre a partida e confirmou que estava tudo certo e que, somente após a divulgação da Operação Cartola, ficou sabendo que se tratava de alguém de um clube.

Ciente do ocorrido, o árbitro procurou a Comissão da Federação Alagoana, a Comissão de Arbitragem da CBF e colocou à disposição seu sigilo telefônico e conta bancária para comprovar que não teve nenhum envolvimento no esquema de corrupção na Paraíba. O árbitro juntou ainda o comprovante de pagamento em débito do hotel em que ficou na Paraíba, mostrando que pagou com seu próprio dinheiro.

“Saí da minha cidade pobre, levei minha mãe e irmã e não tínhamos onde morar. Hoje tenho minha casinha, fui árbitro FIFA e tudo que tenho conquistei com a arbitragem de forma correta…Quem ia para a Paraíba sempre procurava o Danilo para dar assistência. Ele disse que foi chamado na polícia e que iria falar a verdade lá. Foram 35 dias sem dormir. Hoje sou referência no meu estado na arbitragem. Quem fosse para aquela final teria problema por estarem envolvidos do TJD a Federação. O Danilo foi na delegacia e falou que não tive envolvimento. Vim hoje para tirar qualquer tipo de dúvida. Tenho certeza que a justiça será feita. O que me perguntarem eu estou aqui para responder. Hoje é meu aniversário e queria estar em casa com minha família, mas vim esclarecer tudo. Foi um jogo que fui lá e infelizmente aconteceu isso comigo. Quero dizer que não tenho nada com isso. O meu hotel eu paguei. Mesmo nos jogos da CBF era esse Danilo que dava assistência para os árbitros lá na Paraíba”, explicou.

Ainda de acordo com o árbitro, em 10 anos ele apitou quatro jogos na Paraíba e nunca teve nenhum tipo de problema.

“Sou um árbitro de total confiança da Comissão de Arbitragem. Fui o primeiro árbitro FIFA de Alagoas e nunca tive nenhum problema na carreira. Assim que soube do fato emiti uma nota e atendi toda a imprensa para tirar todas as dúvidas. Continuo na ativa. Fiquei 35 dias afastado, houve a denúncia de todos e saí de lá como ouvinte. Voltei a atuar”, concluiu.

Chicão mostrou os áudios trocados com Danilo pedindo que o mesmo explicasse e falasse a verdade e enviou para os Auditores o depoimento prestado por Danilo à polícia da Paraíba em que o mesmo afirmou que o árbitro Chicão não sabia com quem falou no telefone.

Finalizada a fase de instrução, o Presidente em exercício, Auditor Otacílio Araújo debateu com os Auditores sobre dúvidas existentes. O Auditor Vanderson Maçullo pediu vista por dúvida de competência. O julgamento dos dois processos foi então suspenso e retornará em nova data a ser agendada.

 

Fonte: STJD